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Sinagencias: mais um ano sem lutas, mais um ano de congelamento salarial

Por Yandra Torres - Anvisa/DF

No último 4 de julho, encerrou-se o prazo legal para que o governo federal encaminhasse proposta de recomposição salarial para as carreiras do executivo federal. Como resultado do nefasto projeto do governo para o serviço público, aos servidores públicos está reservada a reforma administrativa silenciosa prometida por Paulo Guedes e sua equipe forjada entre startups e traders, os quais avançam na disseminação das piores práticas de gestão, com requintes de conflito de interesses e advocacia administrativa. Os servidores da Agências Reguladoras acumulam uma defasagem salarial ainda maior, pois o último reajuste foi em janeiro de 2017. A inflação acumulada do período é de 80,1% segundo o IGPM e de 34% segundo o IPCA. Com as previsões de disparada inflacionária até o fim do ano, é provável que os salários dos cargos de nível médio fiquem, de forma, inédita, abaixo do salário mínimo necessário calculado pelo DIEESE.

A indignação de todos, e de cada um, ultrapassa os limites dos domicílios e atinge a capacidade laboral dos trabalhadores das Agências Reguladoras. Aliado ao déficit salarial, enfrentamos dezenas de ataques mensais às competências institucionais e, consequentemente, ataques ao nosso dever fazer enquanto reguladores e servidores da fiscalização federal.

Tempos difíceis para os servidores públicos devem ser enfrentados com altivez e coragem pelas entidades de classe. Enquanto isso, a direção do nosso Sindicato afirma ter "cumprido sua parte" por enviar um mero ofício ao governo, se recusando a qualquer medida de pressão, mobilização ou articulação com as demais categorias. A atitude aguerrida que se espera de dirigentes sindicais não é sequer esboçada em iniciativas simbólicas ou, minimamente, em posicionamentos públicos pró-categoria. Até mesmo os espaços institucionais de diálogo previstos no estatuto do sindicato foram abandonados: secretarias sindicais, assembleias e CONSAG. Nos raros momentos em que os filiados têm a oportunidade de interpelar a diretoria para questionar tal inércia, os dirigentes não fogem do lugar comum (do bolsonarismo) de apontar que a recomposição salarial aos servidores públicos seria impossível em função da grave crise que assola o país. Crise esta, claro, não existe quando o governo libera bilhões para orçamento secreto a fim de acariciar seus aliados na perspectiva eleitoreira. Mas esse detalhe escapa às rasas análises de nossos representantes. Frases como “não é momento de mobilizar” ou “greve em teletrabalho não adianta nada” foram expressas repetidas vezes nos raros momentos em que a direção do nosso Sinagências interagiu com a base, sempre protegida pelo distanciamento frívolo oportunizado por telas de computador e o controle de falas com possibilidade de censura pela inativação de microfones. Por um Sinagências verdadeiramente combativo, autônomo e intransigentemente a favor dos servidores das Agências Reguladoras!

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